Governo do Estado do Espírito Santo
24/10/2025 14h21

Polícia Científica informa sobre riscos do consumo de carne clandestina

A Polícia Científica do Estado do Espírito Santo (PCIES) esteve presente na apreensão de 390 quilos de carne de cavalos, durante a Operação Estado Presente, realizada na última terça-feira (21), no Norte do Estado. Durante a ação foi identificado o local do abate e onde os restos dos animais eram depositados em condições insalubres, a céu aberto.

De acordo com o chefe do Departamento de Medicina Veterinária Forense (DEMV), o perito oficial criminal Marconi Lana, foi possível identificar restos de bovinos e equinos. “Além da crueldade do abate nessas condições, o maior problema são os riscos à saúde humana relacionados ao consumo dessas carnes. O abate é feito ao ar livre, no meio de uma via, no chão de terra. São animais que podem ter qualquer origem, logo, não existe um controle sanitário e de doenças em relação a eles”, detalhou.



Riscos à saúde e doenças relacionadas

Sem inspeção, a carne clandestina pode estar contaminada por micro-organismos patogênicos e parasitas. Um dos problemas mais comuns é a toxinfecção alimentar – infecção causada pelo consumo de alimentos contaminados por bactérias ou toxinas – que pode evoluir para quadros graves, inclusive fatais.

A manipulação e o abate em condições precárias favorecem a proliferação de bactérias como Salmonella e coliformes fecais, entre outras, aumentando o risco de surtos de diarreia, vômitos e infecções intestinais graves.

Além das bactérias, existem graves zoonoses veiculadas por carnes clandestinas. Doenças como a teníase (infecção por tênias) e sua forma invasiva cisticercose, a tuberculose bovina, a brucelose e a toxoplasmose estão entre as principais enfermidades associadas a carnes sem inspeção. A teníase, por exemplo, é causada pela ingestão de carne contendo cisticercos (larvas de Taenia); se a carne estiver mal passada, o parasita pode se alojar no organismo humano, causando desde distúrbios digestivos até problemas neurológicos e cegueira em casos de neurocisticercose.

Já a tuberculose e a brucelose são infecções bacterianas que podem ser transmitidas por produtos de animais contaminados e normalmente seriam detectadas e barradas na inspeção sanitária. Sem essa fiscalização, porém, carnes de animais doentes podem entrar na cadeia de consumo, expondo pessoas a essas doenças.

Outro fator de risco é que animais abatidos clandestinamente podem carregar resíduos de medicamentos veterinários proibidos ou outras substâncias nocivas. Por exemplo, no caso de cavalos, é comum o uso de anti-inflamatórios e vermífugos não aprovados para animais de abate; resíduos desses fármacos podem permanecer nos tecidos e ser ingeridos pelos consumidores, causando efeitos tóxicos a longo prazo. Ademais, a falta de higiene no abate ao ar livre – muitas vezes em chão de terra e exposto a insetos – eleva a chance de contaminação ambiental e atração de vetores de doenças. Em suma, consumir carne oriunda de abatedouros clandestinos significa se expor a uma série de perigos invisíveis, que vão de infecções alimentares agudas a doenças crônicas potencialmente fatais.

Como o consumidor pode se proteger?

Para evitar o consumo de carnes clandestinas, especialmente ao frequentar restaurantes ou lanchonetes, a população deve adotar algumas medidas:

Dar preferência a estabelecimentos que comprovem a origem das carnes com selo de inspeção (SIF, SIE ou SIM);

Observar as condições de higiene e refrigeração nos locais de preparo e venda;

Desconfiar de preços muito abaixo do mercado, que podem indicar procedência duvidosa;

Exigir nota fiscal e questionar a procedência dos alimentos quando necessário;

Optar por carnes bem cozidas, especialmente em locais informais, para reduzir o risco de contaminações;

Denunciar estabelecimentos que comercializam carnes sem procedência aos órgãos de fiscalização.

A Polícia Científica reforça a importância de o consumidor estar atento e consciente sobre a procedência dos alimentos consumidos. A saúde da população começa com escolhas seguras e responsáveis por parte de todos.

 Assessoria de Comunicação da Polícia Científica (Ascom/PCIES)

Comunicação Interna – Michelle Caloni: (27) 99849-7986 / (27) 3198-6024

Informações à Imprensa (Sesp): Olga Samara / Matheus Foletto

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